Depois de Burraldu
descobrir a sábia maneira de se repartir um ovu, cresceu u entusiasmu
na sua busca por sabedorias. Também entendeu que não
deve deixar se perder nu tempu das tantas geniais lições de sabedoria como
essas repassadas por Dona Chiquinha.
Era um costume baianu
das matriarcas, nus finais de tardes e iniciu de noites, se sentar à soleira da
porta de casa pra contar histórias, acercada dus filhos e criançada dus
vizinhos. Até hoje, o Burraldu desconfia que algumas daquelas histórias são
verdadeiras e outras certamente fruto du foclore baianu.
U Certu mesmu é que a criançada adorava ouvi-las.
Um outru dia, u Burraldu ficou apenadu de ver us passarinhos urbanos banhar-se e beber da água emporcalhada de resíduos domésticus que corria meiu-fiu afora até a galeria pluvial. Desleixu de algum ser humanu que não canalizou corretamente u sistema de sobra d'água da casa. Deleixu também dus vizinhus que fazem "cara de paisagem" e suportam aquilu sem nada dizer ou fazer. Siquer eles reclamam aus órgãos públicos que deveriam exigir u saneamentu de tal violação e contaminaçãu dus recursos hídricus naturais.
Burraldu decidiu aliviar a situação daquelas aves. Ele fez em seu quintal um buracu rasu e acimentadu, pra servir de bebedouru daqueles bichinhus. Notandu que us passarinhus ignorava a sua obra e dela não faziam nenhum usu, Burraldu pensou em atraí-los de alguma outra maneira.
Dias depois, e ainda a sua obra desprezada, u Burraldu a dividiu nu meiu. De um ladu colocou água e doutru passou abastecer com quirelas de milhu.
Burraldu "acertou na veia" pois imediatamente us pássaros atacaram as quirelas e beberam d' água.
Observandu a comilança dus bichus, u Burraldu viu que nem tudu estava de acordu. Imaginem u brigueiru que se formou... Amargosas, pardais, rolinhas e outros disputandu entre si u domíniu du cumedouru e bebedouru. Meninu! Que pauleira! Alguns danadinhus abandonavam a quirela e partiam pra cima dus outrus de bicadas e de asadas. Uma bagunça e nenhuma hierarquia ou soluções lógicas, du tipu..., pur espécies, tamanhus, machus, fêmeaa e outras... A disputa pela quirela era ferrenha. De nada adiantava u Burraldu aumentar na quantidade. Mesmu abastecendu à vontade us bichus que tava comendu num deixava u outru chegar nu coxu, nem "pur decretu". Burraldu ficou ali observadu u brigueiru injustificadu dus bichus. Pensava se tem cumida por que esta briga?
U Certu mesmu é que a criançada adorava ouvi-las.
Um outru dia, u Burraldu ficou apenadu de ver us passarinhos urbanos banhar-se e beber da água emporcalhada de resíduos domésticus que corria meiu-fiu afora até a galeria pluvial. Desleixu de algum ser humanu que não canalizou corretamente u sistema de sobra d'água da casa. Deleixu também dus vizinhus que fazem "cara de paisagem" e suportam aquilu sem nada dizer ou fazer. Siquer eles reclamam aus órgãos públicos que deveriam exigir u saneamentu de tal violação e contaminaçãu dus recursos hídricus naturais.
Burraldu decidiu aliviar a situação daquelas aves. Ele fez em seu quintal um buracu rasu e acimentadu, pra servir de bebedouru daqueles bichinhus. Notandu que us passarinhus ignorava a sua obra e dela não faziam nenhum usu, Burraldu pensou em atraí-los de alguma outra maneira.
Dias depois, e ainda a sua obra desprezada, u Burraldu a dividiu nu meiu. De um ladu colocou água e doutru passou abastecer com quirelas de milhu.
Burraldu "acertou na veia" pois imediatamente us pássaros atacaram as quirelas e beberam d' água.
Observandu a comilança dus bichus, u Burraldu viu que nem tudu estava de acordu. Imaginem u brigueiru que se formou... Amargosas, pardais, rolinhas e outros disputandu entre si u domíniu du cumedouru e bebedouru. Meninu! Que pauleira! Alguns danadinhus abandonavam a quirela e partiam pra cima dus outrus de bicadas e de asadas. Uma bagunça e nenhuma hierarquia ou soluções lógicas, du tipu..., pur espécies, tamanhus, machus, fêmeaa e outras... A disputa pela quirela era ferrenha. De nada adiantava u Burraldu aumentar na quantidade. Mesmu abastecendu à vontade us bichus que tava comendu num deixava u outru chegar nu coxu, nem "pur decretu". Burraldu ficou ali observadu u brigueiru injustificadu dus bichus. Pensava se tem cumida por que esta briga?
Foim então que
Burraldu se lembrou de uma das práticas de dona Chica. E logu veio a sua mente
u entendimentu, du por que a mãe exigia dus filhus comerem daquela maneira.
Quandu pequenu, Burraldu e outros dois irmãos menores, por determinação da mãe,
comiam na mesma panela. Até um únicu pedaço de melancia era desgustadu pelos
três irmãos à colheradas. Alí, vendu o brigueiru das aves pelu alimentu, até
pur uma questão de sobrevivência, u Burraldu entendeu a lição que a mãe
queria ensinar quandu ela exigia dus filhus a unificação da partilha dus aliementus em uniãu..
"Diferentemente
dos demais bichos, se não brigam na hora dae partilhar do alimento os irmãos seguirão unidos na vida".
G Santos
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